img { max-width: 100%; height: auto; width: auto\9; /* ie8 */ }

domingo, 28 de agosto de 2016

LIRA DOS VINTE ANOS ( TRÊS )


Esta não foi uma semana fácil, um trabalho dado como certo foi suspenso e outro foi cancelado, um terceiro que deveria ter vindo para minhas mãos no princípio deste mês, até agora nada. Normalmente uso este intervalo para dar prosseguimento às artes particulares, mas aquilo que poderíamos chamar de inspiração, não veio. Um desânimo tormentoso tomou conta do meu corpo de tal forma que achei melhor me dar um tempo, sendo assim a produção foi fraca, quase nada fiz, nem mesmo pus em dia minhas leituras. O que não quer dizer que fiquei parado olhando para o teto, pelo contrário, se não estou sentado na prancheta parece que os servicinhos domésticos me perseguem, me sinto culpado se deixo a Verônica labutando sozinha.

Na terça feira que passou fui realizar um exame pelo SUS depois de um século desde a marcação, a confirmação do que eu já desconfiava me deixou um tanto mais sorumbático do que costumo ser, acho que isto contribuiu para me tornar improdutivo esses dias (até meus sketchbooks estão pegando poeira). Bem, depois de tudo o que fiz até agora acho que posso parar um pouco de pular nos abismos, acho que sim.

Minhas contas me cobram um posição rígida, espartana, exigem que eu continue vendendo minha alma, mas elas vão estar sempre aí, eu não estarei.

Aguardo agora, também pelo mesmo Serviço Único de Saúde a abertura de agenda para marcar o médico que deverá analisar o tal problema.

Mas hoje mesmo já retorno às atividades, retomo um álbum de anatomia que estava parado, e também uns desenhos a lápis esperando tinta. Tudo isto sem a febricidade dos dias normais, mas vou pegando de novo o ritmo.

Para vocês, mais uma arte para o poema do Álvares de Azevedo.

 

domingo, 21 de agosto de 2016

IMAGENS DE UM NOVO INFANTIL.



Finalmente eu terminei as 32 pranchas aquareladas do último livro infantil. Trata-se de uma historinha norueguesa, bem divertida e com um toque sombrio.
Na última sexta fui levar as artes na editora e sabia que seria a odisseia de sempre, são dois ônibus e um metrô com baldeação. Saí, como de costume, mais tarde do que pretendia. Desta vez não levei meus caderninhos que tenho a pachorra de chamar de sketchbooks (eles estão meio abandonados, coitados!), mas um outro que vou rascunhando o roteiro de uma nova HQ do Zé Gatão (espero um dia poder fazer). Confesso que não estava com muito ânimo para escrever, alguma coisa tem sugado meu cérebro, minha energia, não tenho dormido bem, aquele sono pesado onde você acorda se espreguiçando revigorado parece ter ficado muitos anos lá atrás, na verdade, se paro pra pensar, acho que nunca existiram, mas a roda não pode parar de girar, eu tenho que seguir em frente, não há opção.

Sentado num banco de pedra eu espero o trem, impossível se concentrar em algo, há muita movimentação ali, a pobreza gosta de rebuliço. O que mais gosto de observar nas pessoas é o modo como elas se vestem; aqui no nordeste uma coisa que admiro nos passantes, principalmente nas mulheres, é que elas não estão nem aí para a estética, a maioria é gorda se achando gostosa, é um desfile de shortinhos e tatoos feitas em alguma cabeça de porco acompanhados de celulites sem fim. Seria engraçado se não fosse trágico. A maioria é nova com crianças de colo.
O trem chega e já vem lotado. Eu vou pra editora levar uns desenhos e assinar contratos mas me pergunto: toda aquela gente segue pra onde? Passeio? Trabalho? Indo visitar alguém? Sabe-se lá. Dentro do veículo ininterruptamente um sem número de sobreviventes de guerra bradam seus pregões: "Água é só 1 real! É pra acabar!" "Olha o sorvete! Tem de coco, creme e milho verde! Quem vai querer? Quem vai querer?" Teve um que dizia que o bombom que ele vendia era feito com leite condensado de verdade, se você comprasse e não tivesse leite condensado ele devolvia o dinheiro. E tem os que oferecem chocolates, salgadinhos, fones de ouvido e carregadores de celular. Até que de repente um cara magro de bermuda, chinelo e camiseta, com uma voz impossível de passar despercebida começou um discurso se desculpando por atrapalhar a viagem mas que apelava para nossa sensibilidade em ajudar o seu amigo, sr fulano, que ali estava (mudo, diga-se de passagem), que precisava comprar remédios para se tratar por que sofreu um acidente e a empresa na qual trabalhava o demitiu não dando a ele nenhum recurso. O sr. fulano era um senhor magro de bigode, óculos, usava chapéu e exibia uma bolsinha que parecia conter urina e havia uma sonda que saía debaixo de sua camisa azul. Não gosto de julgar, mas estaria mesmo aquele homem enfermo ou eram dois malandros querendo ganhar uma grana apelando à solidariedade dos passageiros do metrô? Uma bolsa com um líquido amarelado não quer dizer muita coisa. Lembrei-me de um cara a muitos anos atrás que enfaixava um bife de fígado na perna e ia pedir esmolas no Viaduto Santa Efigênia.


A editora fica num bairro bastante carente por seu aspecto, mas o interior da mesma é algo digno de elogios. Tudo muito limpo e organizado (acho que já comentei isto aqui). Sou tratado por todos com muito respeito e carinho, como se eu fosse alguém de alguma importância. Almocei por lá, comida boa, ótima sobremesa. Conversei um pouco, deixei as artes e peguei um novo trabalho. Os jovens ilustradores elogiam meu estilo, eles vão à CCXP este ano, fui perguntado se eu não fora convidado. Claro que não! Eles não sabem a verdade, que eu não passo de um cagalhão seco rolando ladeira abaixo, como aqueles caras do trem. Me despedi e voltei à vida real, o sol forte, os poucos trocados para a viagem de volta.


Ao chegar na plataforma para pegar o trem de retorno um grupo de caras que vendem seus produtos berravam uns com os outros, olhos em fúria, bocas abertas soltando imprecações, veias jugulares ao ponto de rebentar, perdigotos para todos os lados e punhos cerrados, os enormes sacos com salgadinhos e pipocas doces largados no chão. Saí de perto indo para o final da estação, nem soube qual era o motivo da pendenga. Dentro do trem o burburinho continuava incessante, mal dava pra ouvir a agradável voz feminina que anunciava a estação e recomendava não se apoiar nas portas. Até que apareceu um cara moreno alto com um menino de uns 8 anos com um braço numa tipoia. Chamou-nos a todos meus irmãos como se estivéssemos numa igreja e falou que estava desempregado e precisava comprar antibióticos para seu filho que tinha fraturado a clavícula. Apelou para nossa emotividade falando de Jesus e desejou-nos a todos muitas bençãos mesmo que não pudéssemos ajudar. Num momento ele foi ajeitar a sandália do guri e o trem deu uma freada, ele caiu de bunda no chão e o menino desandou a rir, ele deu uma bronca no pequeno exigindo respeito e saiu de nossas vistas.

Desci na estação de Prazeres, o nome é bonito, o lugar é uma bosta. Peguei o ônibus de volta para casa. Cheguei cansado. Não sou mais aquele atleta, queria dormir por uma semana mas ainda tinha que descer com o lixo.


De novo sentado à prancheta. Um novo livro infantil na minha frente, breve deve chegar um novo roteiro de quadrinho (algo a ver com a história de Feira de Santana, na Bahia), este vou trabalhar revesando com dois quadrinistas que são bons de verdade, tipo, cada um desenha um capítulo, vamos ver como isto vai caminhar.


    

domingo, 14 de agosto de 2016

SKETCHES DE ZÉ GATÃO ( 01 )


HOJE É DIA DOS PAIS E O MEU SE FOI PARA SEMPRE (mas eu sei que um dia, na eternidade, eu o verei de novo).

Isto posto, vamos ao nosso papo semanal.

Para mim, uma das coisas mais chatas da vida é ser cobrado. Tipo, você deve um dinheiro e não tem como pagar e lá vem o receptor perguntando pela quantia. Eu fico com cara de bunda magra, como se estivesse pelado diante de uma multidão de mulheres más (destas que se acham muito e adoram tirar um sarro da sua cara), sem ter um buraco para pular dentro e sumir do mundo. Me aconteceu esta semana, recebi a ligação de um editor me cobrando pelo livro que estou ilustrando. Sim, não tiro a razão dele, o livro está mesmo atrasado, e beeeem atrasado! Tendo que matar dois tiranossauros rex por dia, fazendo até três trabalhos ao mesmo tempo, tava difícil eu produzir rápido grandes pranchas aquareladas para o referido livro. Mas o que não me perdoo é que eu não observei na hora de assinar o contrato que lá havia uma data de entrega e ela passou faz tempo. Bem, justifiquei que estava caprichando nas pinturas (o que é verdade) e que não havia visto a data para a entrega dos desenhos e pedi mil desculpas. Ele até que foi educado e fez uma observação do tipo, "bem, paciência". Amados e amadas me senti como se tivesse 10 anos e a professora chamasse minha atenção. Foda isso! Bem, acontece até com gente muito melhor do que eu, mas não justifica. Eu tenho um grande problema com organização de tempo e não consigo dar jeito. Agora corro como doido para entregar as ilustras ainda esta semana sem deixar cair a qualidade.

A boa notícia é que terminei a HQ "Cartas Marcadas" para o projeto NCT - NOVOS CLÁSSICOS DO TERROR. Não sei dizer em que ponto anda a produção dos outros artistas mas acredito que breve entrará em financiamento coletivo. Aguardem notícias deste projeto.


Sobre os desenhos postados hoje: são os esboços que eu faço para os fãs do Zé Gatão. Minha amiga Carla Ceres me sugeriu registrar esses rabiscos e guardar, achei uma ótima ideia, afinal não verei mais esses desenhos. De um tempo para cá tenho fotografado tudo que encomendam. Resolvi mostrar alguns para vocês. De tempos em tempos, se tudo der certo, eles vão aparecendo aqui.


Minha mãe ligou para me felicitar e a Vera me deu um presente surpresa. Essas duas mulheres não existem!


Aos amados que tem filhos, um bom Dia dos Pais.

 Beijos a todos e até a próxima.


domingo, 7 de agosto de 2016

LIRA DOS VINTE ANOS ( DOIS)


A semana foi muito corrida, cansativa e pouco produtiva. Ontem, saí cedinho com a Vera para fazer as compras do mês no Atacadão. Logo depois do almoço saímos novamente; o sol, pra variar, estava intenso.
As poucas horas de sono, a fila quilométrica no mercado, a corrida contra o tempo nos últimos dias cobraram o seu preço: uma fadiga extraordinária tomou conta do meu corpo no final da tarde e me impediram de dar um único risco no papel. Por isto, vamos ver se hoje dá pra recuperar algo.

Passo aqui somente para deixar esta arte pra vocês.




RESENHA DE ZÉ GATÃO - SIROCO POR CLAUDIO ELLOVITCH

 O cineasta Claudio Ellovitch, com quem tenho a honra de trabalhar atualmente (num projeto que, por culpa minha, está bastante atrasado) tem...