img { max-width: 100%; height: auto; width: auto\9; /* ie8 */ }

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA.




Este livro, considerado uma das obras primas de Lima Barreto, como o próprio título indica, é recheado de situações infelizes; não só o fim, mas toda a vida do major Quaresma é um caldo viscoso de insucessos e luta contra moínhos de vento. Pelo pouco que conheço da vida deste escritor, nota-se nele uma mágoa muito grande em relação ao status quo de sua época, pelo não reconhecimento que sua obra merecia. Basta se aprofundar um pouco em seus personagens para sacar o quanto de si mesmo e situações vividas tinham a ver com sua condição de autor relegado a segundo plano, provavelmente por ser mulato, e ai posso teorizar várias outras coisas, mas francamente não me compete, análise de vida e obra de um artista, eu deixo para os especialistas. O triste é saber que muita coisa permanece a mesma desde aqueles tempos. Acontece em todos os setores das artes.

Tenho recebido com muita frequência links de debates sobre assuntos já velhos, com as seguintes perguntas enfiadas uma ou outra vez ao longo do colóquio: "porque q hq nacional não vinga?" ou "o que falta ao artista brasileiro viver de sua arte?"
É interessante notar que atualmente os debatedores são sempre os mesmos, os autores da moda, que diga-se de passagem, são extremamente talentosos e que mereçem estar no olimpo dos grandes criadores de quadrinhos neste país. A questão é que não são os únicos, há uma pá de gente brilhante que normalmente é ignorada nos grandes festivais e etc. Não falo por mim, pois me sinto um privilegiado, vou logo adiantando.
Quando comecei neste meio, em São Paulo, eu ia a todos os eventos possíveis, Ângelo Agostini, Gibiteca Enfil e tal e coisa, e os convidados para as mesas redondas eram os fodões da época, e reparei que em muitos momentos, estes mesmos fodões estão por trás dos fodões atuais. Ou seja, não parece haver uma renovação legítima de pessoas dentro do mercado, tendo a pensar que aí fica difícil mesmo a "coisa" ir para a frente, se existe um bolo tão grande, mas as fatias são distribuídas para apenas uns poucos. Paranóia minha? É bem possível, mas sei lá, conheço tantos caras (desenhistas e roteiristas) que labutam nestas trincheiras, que não dá para evitar a comparação com o major Quaresma e seu criador.

Esta é a ilustração que criei para a capa do livro. 



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

OLHOS DE ANJO. ( Um conto de Eduardo Schloesser )

Maria do Carmo era uma mulher robusta, de quadris largos, seios firmes e fartos, pensar-se-ia que com eles daria para amamentar um exército. Olhos negros, pestanas grossas, rosto redondo de lábios carnudos, cabeleira crespa e volumosa com vários fios prateados que denunciavam a idade de 45 anos. Suas axilas e púbis nunca conheceram navalha. Viúva. O marido um dia resolvera se envolver com garimpo, viajou para plagas distantes e foi assassinado com dois tiros no peito ao se engraçar com uma mulata comprometida. Por herança, as únicas coisas que deixou foram dívidas e três filhos, dois rapazes e uma menina, que ela criou com sacrificio costurando roupas pra fora. O mais velho tinha desessete anos, estava em vias de ir para o exército, onde acalentava o sonho de seguir carreira, ser general. Moleirão como era, duvidava-se que conseguisse, chamava-se Childerico. O mais novo, tinha quinze, era  esperto, um tanto travesso, chamava-se Tertuliano.  Ambos trabalhavam num roçado de um sítio próximo alguns quilômetros. A menina, uma gordinha, sardenta como o pai e o irmão mais velho, chamada Maria Clara, tinha oito anos. 
Mãe e filhos moravam numa casinha ao pé da serra. Uma habitação rústica, mas que ela não media esforços para tornar confortável aos seus rebentos. Era cercada por numerosas árvores frutíferas e uma horta muito bem cuidada. Duas cabras e algumas galinhas proviam a alimentação da família.

Certa manhã modorrenta, saiu do meio da mata um indivíduo alto, magro, cavanhaque bem desenhado no rosto austero, e longos cabelos grisalhos. Trajava calças de brim, camisa de chita beje, com as mangas dobradas na altura dos cotovelos, colete de gibão de couro curtido, botas longas, o cinto combinando com o chapéu de abas largas. Uma bolsa de couro de bode ladeava seu corpo esguio.
Com a parte de cima do rosto envolta em sombras pelo chapéu, atravessou o portãozinho de madeira e arame farpado e cumprimentou Maria do Carmo, que lidava no tanque de roupas.
"Bom dia! A senhora me desculpe invadir assim. Me dá de beber, dona?"
"Claro. Ô Tertuliano, venha dar água para o moço forasteiro, depressa!"
O rapazinho, largou a enxada com a qual capinava a lateral da casa um tanto a contragosto e dirigiu-se ao poço. Pegou uma concha de cabaça, encheu-a e serviu ao estranho. Ele bebeu e sorriu. Tirou o chapéu e inclinou-se na direção da mulher em sinal de agradecimento. Neste momento ela viu seus olhos. Olhos profundos e mansos, de um azul intenso e penetrante, como os olhos de um anjo.
"O moço não é daqui, pois não?"
"Não, venho de uma terra muito, muito distante." Suspirou fundo." A senhora tem uma bela propriedade aqui!" Disse isso olhando em volta. O mocinho voltou à enxada, a menininha rechonchuda brincava embaixo de um abacateiro com uma boneca rota de pano. O rapaz mais velho, sentado numa cadeira à porta de casa, o fitava com olhar indolente e curioso.
"Se o moço vem de tão longe, decerto há de estar com fome, está servido almoçar antes de seguir viagem?"
"Ah, a velha cortesia interiorana! Os bons modos ainda insistem em brotar neste mundo carregado de iniquidade!" A mulher franziu as grossas sobrancelhas tentando compreender as palavras do homem.
"Agradeço muito, mas no momento tenho muito mais a necessidade de me servir da senhora."
"Comequié?!? Não entendi!"
"Entendeu sim. Vamos lá para dentro. Não vai demorar nada e a senhora vai gostar!"
"Isto... isto é um absurdo! Sou mãe, estes são meus filhos! Sou uma mulher de respeito! O senhor suma da minha propriedade!"
"Se eu não sumir, vai acontecer o quê?"
"É...meu marido... meu marido chega já... ele...ele..."
Enquanto a mulher falava, o forasteiro observava ao seu redor. Notou que o ruivinho sardento levantou-se da cadeira, o garoto da enxada se aproximava, lívido.
Calmamente foi ao poço e tomou mais um pouco de água.
"Poupe saliva, a senhora não tem marido. Se tiver, deve ser um borra-botas. Seus olhos demonstram que tem sede de um macho de verdade!"
"O senhor não fale assim na frente dos meus filhos!"
O homem repentinamente agarrou a mulher pelos cabelos e puxou-a em direção à casa. Ela protestava enquanto era induzida. Tertuliano, com um berro, levantou a enxada direcionada à cabeça do estranho. Mas antes que pudesse concluir o ato, tomou um violento chute no peito.
Berrou e caiu ao solo tentando sorver ar com sofreguidão. A menina, em estado de choque, agarrou-se à boneca. Chiderico, num ato instintivo, aproximou-se do estranho e levou um soco selvagem na boca. O mancebo agarrou os lábios cheios de sangue e dobrou-se enquanto urinava nas calças.
Temendo o que poderia acontecer a seus filhos a mulher afrouxou sua resistência. Empurrada para dentro da casa, o forasteiro a impeliu para um dos quartos e jogou-a sobre uma cama. Tentou vira-la de bruços mas ela resistiu. "Olhe dona, isto pode acontecer de um jeito fácil ou difícil. Não me obrigue a ser violento com a senhora. Então, como vai ser?" Intuindo que seria inútil repelir o agressor, Maria do Carmo fechou os olhos e se submeteu. O forâneo trancou a porta e levantou-lhe as saias descobrindo sua enorme bunda, baixou as calças e deitou-se em cima dela com voragem.

Do lado de fora da habitação, Tertuliano, parcialmente recuperado da agressão que sofrera, sentou-se ao lado do irmão de calças molhadas. "O que vamos fazer?" O outro, ainda segurando os beiços inchados, nada respondeu. "Precisamos fazer alguma coisa, aquele cara pode estar matando nossa mãe!" Com os dentes frouxos nas gengivas sangrantes, Childerico se impacientou: "E vamos fazer o que? Viu o que ele fez com a gente? Esse cara pode ser um bandido, um assassino!"
A menina, com um tom choroso na voz, perguntou com cuidado:
"O que aquele homem tá fazendo com a mamãe?"
"Nada - respondeu o irmão do meio - Eles só entraram em casa para conversar."
"Mentira, aquele homem tá machucando a mamãe! Porque ele bateu em vocês? Porque ele puxou a mamãe pelos cabelos?"
"Ah, Clarinha, pare de encher o saco! Vai brincar com alguma coisa, não enche!"
"Mas..."
"Ande, ou vou te bater!"
Quando a criança se afastou, Tertuliano desafiou o irmão:
"Você devia fazer alguma coisa."
"O que, porra? Fazer o que? Por que eu?"
"Você é o mais velho, vai entrar para o exército, vai ser soldado!"
"Ah! Num enche! Você não sabe nada!" 
Ficaram ali em silêncio por longos minutos. A natureza era totalmente indiferente ao drama. O sol brilhava num calor agradável, pássaros chilrreavam nas copas das árvores, libélulas pairavam rentes à vegetação.
"Tão demorando muito, o que será que está acontecendo?"
"É, tão demorando muito mesmo!"
"Acho que vou dar uma espiada lá dentro."
"Cuidado!"
Tertuliano tentando fazer o mínimo de barulho enquanto caminhava rente à parede da casa, procurava algum som que viesse de dentro. Nada. Até que num segundo pareceu-lhe ouvir o ranger das molas de um colchão.
Junto à janela vedada, espiou por uma fresta e pensou ver o que poderiam ser nádegas bronzeadas, subindo e descendo em estocadas rápidas, firmes e violentas.
Voltou para junto de Childerico.
"Parece que estão lá ainda."
"O que estão fazendo?"
"Ah, cê sabe!"
Num átimo de resolução, o garoto levantou-se e seguiu em direção à cozinha e de lá pegou um facão. Neste momento, enquanto empunhava a arma, a porta do quarto se abriu e o estranho surgiu todo suado, apertando o cinto nas calças. Fitou-o sombriamente com aqueles olhos cor de anil e disse com tranquilidade:
"Cuidado com este facão, rapaz. Pense em alguma besteira e eu o enfio no seu cu até o cabo, e com ele lá dentro ainda, corto sua língua!"
Diante de tais palavras, o mocinho se acovardou, largou a arma e saiu desabalado do domicilio.
O homem ajeitou os cabelos, pegou uma caneca, serviu-se de café que havia num bule, deu um gole, estalou a língua, apanhou o chapéu e foi em direção ao quarto. Parou na porta e disse à mulher que jazia encolhida, deitada na cama:
"Fique tranquila. Não nos veremos mais."
Pôs o chapéu e retirou-se da casa. Os três irmãos agrupados o observavam com um misto de apreensão e raiva. Tocou a aba da cobertura em direção a eles, atravessou o portãzinho e sumiu na mata.

Só muito tempo depois, Maria do Carmo teve coragem de sair. Os meninos não conseguiram encara-la.
Sentou-se na cadeira com um gemido.
"Aquele desgraçado...ele me machucou pra valer!"
"Como mãe?"- perguntou a filha.
"Nada, não importa!"
Levantou-se, tomou um banho e foi cuidar do almoço.

Dois meses depois vieram os enjoos. Não havia dúvidas, estava grávida. Tomou chá de raiz forte, indicada por uma velha índia, mas o feto resistiu. Ela decidiu não lutar contra ele. Nos meses subsequentes, ele lhe chutaria o ventre trazendo à memória o seu vitupério.
Nasceu um menino robusto, de olhos azuis cristalinos, no mesmo dia que seu filho mais velho entrou para as forças armadas.
O exército não era nada do que Childerico pensava. Morreu baleado num execício de tiro que nunca foi devidamente esclarecido.
As lágrimas amargas da mãe foram aplacadas pelo suave toque do seu novo rebento.
Uns anos depois, Tertuliano, que desde aquele fatídico dia evitava os carinhos da genitora, começou a namorar uma mulatinha da vizinhança e se casou.  Mudou-se e nunca mais deu notícias.
Clarinha também, não muito tempo depois, engravidou de um rapaz, juntou os panos e tornou-se uma máquina de fazer filhos.
Certa vez, Maria do Carmo arranhou o braço na cerca de arame farpado e foi acometida de tétano. O suplício da doença quase a matou. Quase. Mas as sequelas nunca a permitiram ter uma vida normal outra vez. Neste tempo, pouca ou nenhuma ajuda recebeu de parentes ou amigos. O único apoio que nunca faltou foi de seu filho caçula, o bastardinho como ela o chamava em seu íntimo, sempre ao seu lado, com seu sorriso puro de infante. E aqueles olhos azuis, como os olhos de um anjo.         







 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

RABISCOS DE ILUSTRAS E HQS


Para a segunda feira vão passar batida, alguns estudos e esboços de trabalhos que estou executando no momento.
A pressa é grande por isto não posso me delongar.
Beijos a todos.







sexta-feira, 19 de outubro de 2012

SEXTA QUENTE E O DETALHE DE UMA CAPA.


Este recinto onde escrevo, neste exato minuto, está parecendo uma sauna. Minha esposa está dando uma descansada lá no quarto e deixei o ventilador com ela. Tem um menor que uso no meu estúdio, mas ele já fica ligado o dia todo quando estou trabalhando, então resolvi dar uma folga pra ele enquanto dou uma espiada nos meus e-mails. Meu plano hoje era postar um conto qui, mas não foi possível concluí-lo ontem a noite. Vamos ver se semana que vem ele "desenrosca".

Hoje, fiquem com um detalhe da capa de um livro de contos do Lima Barreto.
Bom fim de semana a todos.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PASMACEIRA.


O calor está de volta. O ar que sopra do ventilador constantemente ligado é sôfrego e morno. Os dias tem sido de relativa paz, algumas vezes tediosos.
Minha cabeça embotou hoje. Tenho algumas idéias para textos e desenhos que gostaria de colocar aqui, mas a porta da mente que dá acesso à mão, parece trancada e a chave perdida.
É uma fase, eu sei, as vezes demora a passar, mas logo, logo, se Deus quiser, este marasmo dá um tempo e o trem volta aos trilhos.
Ainda aguardo a publicação do meu próximo álbum. A editora silenciou. Já passei por isto, mas não dá para se acostumar. Entrementes, o taciturno Zé Gatão continua a sua batalha pela sobrevivência, agora em ilustrações soltas, como demonstram estas etapas.
Minha saúde parece boa. Preciso encontrar um tempinho para os execícios.
Brevemente chega às bancas um novo passo a passo de desenho.
Minhas ilustrações para livros clássicos prosseguem.
Os ponteiros do relógio giram inexoravelmente rápidos. O dia final espreita em alguma esquina da vida.




segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AINDA MEIO PERDIDO.


Bom dia a todos, hoje é dia do professor, sou formado como arte educador mas nunca exerci a profissão. Não consigo conviver muito tempo com as pessoas, além de tudo os mestres de hoje (não seria de sempre?) ganham uma merda de salário, por hora eu passo, mas fica aí minha sincera homenagem aos professores deste nosso país.
Hoje é também dia do comerciário. Afinal, é ou não feriado?
Bem , pra mim tanto faz.


Pra vocês terem uma idéia de como ando cada dia mais fora de órbita, não lembro mais pra qual (ou quais) livro (s) fiz as ilustras que hoje desemboco aqui. Mas acho que isto não tem lá muita importância, né?

A Devir não deu mais notícias sobre a continuação de Zé Gatão-Memento Mori, que já deveria ter saído.

Hoje fui citado no UHQ:  http://www.universohq.com/quadrinhos/2012/n15102012_03.cfm .Trata-se do posfácio que fiz para os Mortos Vivos 10 da HQM.

Também hoje criei coragem para tirar da gaveta um álbum meu (inédito) e remete-lo para uma avaliação numa editora de São Paulo. Já estou até preparado para a resposta: "Material interessante mas não é nosso perfil, etc e etc."  Vamos ver no que dá.
 
A luta continua e nós temos que seguir em frente. 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"DREDD" E "THE RAID: REDEMPTION"


Desde que vi um trailer no site Omelete sobre um filme indonésio intitulado "The Raid", fiquei doido para assisti-lo; nas poucas cenas mostradas, tiros e pancadarias eram a palavra de ordem (algo bem típico do cinema que se faz naquelas paragens). Não passou nas salas de projeções brasileiras, não consegui baixa-lo pela internet, mas esses dias consegui uma cópia pirata (dublada- argh!) e pude matar a vontade. Não posso dizer que fiquei desapontado, o filme tem cenas de ação memoráveis e é de uma violência explícita poucas vezes mostradas. Contudo, o roteiro é muito fraco e as atuações muito rasas. Na verdade, isto nem importa tanto, sei o que esperar de produções deste tipo, para mim, ele peca mais por algumas cenas de luta que poderiam ter a metade de sua duração, acho que ficaria mais realista. Mas diverte. Para quem gosta de adrenalina, eu recomendo.
O enredo é o seguinte, uma equipe da SWAT invade um prédio repleto de bandidos (do primeiro ao último andar) a operação dá errado e a bandidada cai matando (literalmente) e os mocinhos tem que se virar para sobreviver, sem chances de resgate.
Não entendi muito bem a questão da corrupção policial, mas as cenas de porradaria em ambientes fechados são muito bem realizadas, principalmente quando acabam as balas e todos partem para o combate com facas e facões.

Agora chego ao ponto: "Dredd", o segundo filme oriundo do mais popular personagem britânico de hqs. O primeiro foi protagonizado pelo  Sylvester Stallone em 1995, e era muito fraco - na verdade, uma merda.
Não é o caso deste segundo. Este é muito bom! Algumas pessoas torceram o nariz, é claro, mas para mim é um filme que cumpre perfeitamente aquilo a que se porpõe. Eu sempre curti o estilo do Juiz Dredd, ele trata os vagabundos como merecem, na ponta da botina e não exita em atirar para matar.
O que ele tem a ver com The Raid? Simples, a história é a mesma, tanto que já li afirmações de pessoas na net, acusando-o de plágio. Nada a ver, é possível até que os realizadores de Dredd tenham se inspirado no filme oriental, mas na verdade, pessoas de bem, perseguidas por malfeitores em território inimigo, não é exatamente novidade.
Muito me impressionou o fato de ator principal, Karl Urban, não ter tirado o capacete durante todo o filme (ao contrário do Stallone), mantendo assim a aura de mistério, que é a marca registrada do personagem, afinal nem os criadores da hq conhecem o seu rosto, visto que Dredd nunca foi desenhado sem sua cobertura.
Infelizmente, nem todo mundo fora dos quadrinhos conhecem o Dredd, então o filme não pode ser saboreado da forma devida. Eu mesmo li poucas hqs dele, só aquelas lançadas pela Pandora Books e as edições em crossover com o Batman pela Abril.


Esta arte eu fiz rapidamente, só para ilustrar esta postagem. Na verdade os editores da extinta Pandora Books (Leandro Luigi Del Manto e o Maurício Muniz), pensaram em mim para pintar uma capa para uma das revistas (rapaz, quanto tempo, já!!!), mas nunca aconteceu.

Isso aí, minha gente. Abração pros gatões e beijos pras gatinhas.
Bom fim de semana prolongado a todos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

LIMA BARRETO ( A NOVA CALIFORNIA )


Bom dia, amadas e amados. Dentro em pouco estou saindo para resolver uns probleminhas no centrão de Recife. Sabem, se me fosse possível, só sairia de casa para ir ao cinema, uma livraria, ou algo do tipo. Cada dia mais me aborrece ter que deixar o sossego do meu teto para as chateações da rua, mas fazer o que, né?

A ilustra de hoje foi feita faz um tempinho já, para um conto do Lima Barreto, A Nova California, um texto perfeito para uma história em quadrinhos, todas aquelas situações bizarras são bastante inspiradoras pra quem curte narrar histórias em forma de desenhos sequenciais. Porém, só me deram liberdade para fazer esta, ou seja, era apenas uma imagem por conto.
Escolhi a cena no cemitério, contudo, me pediram para não deixa-la violenta demais. Que pena.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA ( 2 )


Mais uma semana vai chegando ao final. Não canso de me espantar com rapidez da passagem do tempo!
Hoje, fica aqui mais uma imagem do livro do Lima Barreto.
Bom weekend para todos.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA ( 1 )


Graças a Deus, hoje começo mais uma maratona de trabalhos que não me permitirão ficar afastado por tanto tempo da prancheta; desta feita, pra não estar ausente daqui, deixo com vocês uma ilustração para o clássico de Lima Barreto.
Beijos a todos.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

COMENTANDO JONAS.



Se a memória não me falha, comecei a trabalhar nestas páginas do Jonas no início dos anos 1990 em São Paulo (92 ou 93 ? Ah,  não sei, deveria ter anotado), e lá se vão quase 20 anos! O objetivo destas artes foi mesmo testar minhas capacidades em fazer uma hq pintada de forma mais realista e aproveitar para compor um portfólio; por isto a opção de trabalhar cada quadro com uma técnica distinta, lápis, carvão, lápis de cor, aquarela, guache, acrílico, bico de pena, óleo... isto quando não fundi materiais distintos em uma única cena. Penso que apesar do meu amadorismo nesta época, o resultado foi bem satisfatório, tanto assim que a na redação da revista Playboy, certa vez, todo o departamento de arte veio dar uma babada, nesta e em outras pranchas que compunham a minha pasta. São lembranças que felizmente o tempo não apaga e que te dão a certeza de que vale a pena trabalhar com isto, apesar de todos os percausos. 


Fazer uma história blíblica em quadrinhos sempre foi um sonho, e o livro do profeta Jonas é ideal para tanto. Para realizar a tarefa tive que me valer de uns livros de arte que possuo em casa e que são verdadeiras relíquias, pois são ricos em fotos de achados arqueológicos de artes etruscas, babilônicas e etc. Foi através deles que compus indumentárias e cenários, me valendo também de certas lembranças de filmes religiosos, pois nem videocassetes tínhamos neste período.


Sempre muito inseguro em relação às minhas capacidades, nestes tempos eu me servia muito de fotografias. Minha família inteira participou. Jonas é o meu irmão Gil, que na época estava barbudo e cabeludo. O restante de meus irmão, pais, filha, amigos, trabalharam como figurantes ao longo da saga.
Lógico que também usei rostos conhecidos do público para dar verosimilhança à coisa, como o Arnold Schwarzenegger, Mickey Rouke (nos seus bons tempos) e Fidel Castro, que, se naquela época conhecesse sua verdadeira história, nunca teria colocado.


Não fiz com intenção de publicar, tanto que nunca veio a público até hoje, ela tem sim seus méritos, mas há trechos que minhas inabilidades, na época, me deixam constrangido. Ouvi muito comentários que me deixaram puto, tipo, "por que você não leva para as Edições Paulinas, pra ver se se interessam?" Como se uma hq sobre a Bíblia só pudesse ser lida por quem é católico ou evangélico! 


São pranchas grandes, por isto eu as fotografei como pude. Peço que me perdoem, meus recursos ainda hoje são muito rudimentares. Mas dá pra ter uma idéia, né?


Naqueles tempos, Jonas, serviu de termômetro pra experimentar minhas aptidões (eu tinha mais paciência), hoje, apenas para relembrar aqueles dolorosos anos menos corridos.  



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

JONAS ( FINAL ).


ENTÃO, JONAS SAIU DA CIDADE, E ASSENTOU-SE AO ORIENTE DA CIDADE, E ALI FEZ UMA CABANA, E  SE ASSENTOU DEBAIXO DELA, À SOMBRA, ATÉ VER O QUE ACONTECERIA À CIDADE.
E FEZ O SENHOR DEUS NASCER UMA ABOBOREIRA, QUE SUBIU POR CIMA DE JONAS, PARA QUE FIZESSE SOMBRA SOBRE A SUA CABEÇA, AFIM DE O LIVRAR DO SEU ENFADO; E JONAS SE ALEGROU EM EXTREMO POR CAUSA DA ABOBOREIRA.
MAS DEUS ENVIOU UM BICHO, NO DIA SEGUINTE, AO SUBIR DA ALVA, O QUAL FERIU A ABOBOREIRA E ESTA SE SECOU.
E ACONTECEU QUE, APARECENDO O SOL, DEUS MANDOU UM VENTO CALMOSO, ORIENTAL, E O SOL FERIU A CABEÇA DE JONAS E ELE DESMAIOU, E DESEJOU COM TODA A SUA ALMA MORRER, DIZENDO: MELHOR ME É MORRER DO QUE VIVER.
ENTÃO, DISSE DEUS A JONAS: É ACASO RAZOÁVEL QUE ASSIM TE ENFADES POR CAUSA DA ABOBOREIRA? E ELE DISSE: É JUSTO QUE ME ENFADE AO PONTO DE DESEJAR A MORTE.
E DISSE O SENHOR: TIVESTE COMPAIXÃO DA ABOBOREIRA, NA QUAL NÃO TRABALHASTE, NEM A FIZESTE CRESCER; QUE EM UMA NOITE NASCEU E, EM UMA NOITE, PERECEU; E NÃO HEI EU DE TER COMPAIXÃO DA GRANDE CIDADE DE NÍNIVE, EM QUE ESTÃO MAIS DE CENTO E VINTE MIL HOMENS, QUE NÃO SABEM DISCERNIR ENTRE A SUA MÃO DIREITA E SUA MÃO ESQUERDA, E TAMBÉM MUITOS ANIMAIS, JONAS?



UMA GRATA SURPRESA E UMA PEQUENA DECEPÇÃO

 Boa noite a todos! Antes de entrar no assunto, uma satisfação aos que sentem simpatia por minha arte e pessoa, esses que torcem e oram por ...