img { max-width: 100%; height: auto; width: auto\9; /* ie8 */ }

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

REINO PERDIDO

Ok, vamos assumir que sou artista.
Nunca fiquei confortável com este epíteto. Isto porque conheço os trabalhos de artístas de fato, como José Roosevelt, Celso Mathias, Juarez Machado, Vanderly de Barros, e eu não chego nem aos pés destes caras, mas tem alguns malucos que gostam do que faço e acham que sou artista, então vamos lá, que eu seja um artista.
O curioso é que não escolhi ser artista, mas a arte me escolheu. Boa desculpa pra viver sempre sem dinheiro? Não. Na real, nunca teve algo que eu gostasse ao ponto de me dedicar mais que uma hora do meu tempo. Mas desde que peguei um lápis na mão, e com ele eu senti que podia no branco do papel retratar (de uma forma muito particular) uma visão de mundo, descobri a minha (acho que podemos chamar assim) vocação.
Como eu cheguei até aqui? Difícil dizer. Olhando para trás eu não vislumbro a estrada percorrida. Foram tantos cruzamentos e curvas, que não acho mais o fio da meada. Me perdi dentro do labirinto. A faculdade não me ensinou nada prático. Eu estudei com o mestre Edgar Cognat (breve farei uma postagem sobre ele), mas eu já desenhava (ou pensava que desenhava) ao chegar no estúdio dele.
Uma coisa porém eu tenho certeza, eu não queria ser um quadrinista, pelo menos nunca foi a minha ambição. A coisa aconteceu quase por acaso, ou antes da necessidade de me expressar de uma forma mais direta com um possível público. Não estou seguro de que tenha atingido este objetivo. Ainda preciso descobrir.
O que deslindei nestas ciências, foi por intuição.
Houve uma época em que imitei o Frank Frazetta, pintei um monte de telas com tópicos do gênero "sword and sorcery", sem me dar conta que nunca houve por aqui mercado para este tipo de coisa.
A arte que ilustra este post foi feita nos anos 90 em São Paulo. Foi um dos meus experimentos. Não tinha grana para telas então eu usava chapas de papelão, geralmente aquelas que serviam de suporte para camisas sociais ou então outras maiores que sustentavam os blocos de papel. As tintas eu misturava por percepção.
Um rei viking olhando para sua coroa em meio a um ambiente em ruínas. Alías, esta imagem foi o detalhe que pude escanear. Após tanto tempo é que vejo suas inúmeras imperfeições, não falo de cor ou anatomia, mas a maneira formal como retratei o assunto e a pobreza nos detalhes. Ora, se não gosto do trabalho para que expo-lo então? Como eu disse, há quem aprecie as coisas que faço, por estas pessoas é que este quadro permanece no meu potfólio.
Olhando hoje, dá pra notar o quanto tem de mim na situação vivida por este ex-monarca. O espaço caótico e todo desalento e inadaptabilidade que senti quase toda a minha vida. Deus me deu a arte para exorcizar estas incomodidades, porém atabalhoado que sou, não sei usa-la da forma que gostaria ou deveria.
Hoje, não pinto mais estes temas, o tempo não me permite mais aquelas descobertas. Tento ainda me encontrar dentro dos trabalhos encomendados, mas ali a ousadia raramente é pemitida. O curioso é que estes são pagos. Ironicamente, é como se aquilo que me permite sobreviver e sustentar a familia também servisse de instrumento que me poda as asas impedindo-me de alçar vôos mais altos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

RESENHA DE ZÉ GATÃO - SIROCO POR CLAUDIO ELLOVITCH

 O cineasta Claudio Ellovitch, com quem tenho a honra de trabalhar atualmente (num projeto que, por culpa minha, está bastante atrasado) tem...