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quinta-feira, 1 de julho de 2010

A MÃO E A LUVA (03)

Ilustrar livros pode ser tão cansativo quanto desenhar quadrinhos. Em qualquer caso, depende muito de você ter uma ligação "espiritual" com a coisa. Explico melhor:  imagine uma relação amorosa, ela pode ser morna ou intensa, desafiadora e complicada ou serena e engrandecedora. Depende muito do seu tato, de paciência e obstinação. Se não se envolver emocionalmente a coisa não rola, pelo menos não comigo.
Para cada narrativa, eu tento uma abordagem que tenha a ver com a atmosfera que as letras (ou idéias se preferir) me despertam. O cansaço, no meu caso, advem do fato de achar que nunca estou à altura da tarefa que as letras me impõem. Com os quadrinhos é assim também, sempre acho que as idéias que me perseguem são bem melhores que a forma que dou a elas, e elas acabam comprometidas pela minha inaptidão em dar um corpo que lhes façam jus. Não sei se me fiz entender, mas sou assim mesmo, quase nunca consigo traduzir em palavras o que me vai pela alma. Assim como na ilustração ou hq, eu nunca consigo um traço que defina com exatidão o clima que emerge do meu subconsciente. Mas faço o que posso, como demonstram essas linhas que as palavras do Machado em a "Mão e a Luva" me evocaram. 
Aproveitando, vejam algumas etapas do meu processo. Gosto muito de desenhar a anatomia das personagens antes de vesti-las, foi um hábito que me impus a muitos anos e acho que tem dado certo.




2 comentários:

  1. "...sempre acho que as idéias que me perseguem são bem melhores que a forma que dou a elas, e elas acabam comprometidas pela minha inaptidão em dar um corpo que lhes façam jus."

    Espero que você continue assim pois, sem isso, acredito eu, você poderia acabar se acomodando, o que fatalmente levaria seu trabalho a perder o brilho. Penso que essa busca pela perfeição, muito mais do que a crença de tê-la alcançado é que faz um grande artista se tornar GENIAL.

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  2. Comentário digno de uma moldura.
    Eu, humildemente agradeço.

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